Não se trata apenas de somar anos à vida — mas de somar vitalidade aos anos. A busca por longevidade saiu dos círculos da ciência para se tornar uma aspiração cultural mainstream, redefinindo o que significa envelhecer. Impulsionado por avanços em biotecnologia, IA e monitoramento de saúde em tempo real, esse movimento reflete um novo tipo de ambição: viver com autonomia, propósito e saúde plena até muito além dos 80.
Se antes o envelhecimento era visto com certo fatalismo, hoje é tratado com estratégia. A longevidade passou a ser encarada como um projeto pessoal — físico, emocional e financeiro — que começa cedo. De acordo com a OMS, a população com 60 anos ou mais deve praticamente dobrar até 2050, e esse dado tem implicações profundas para governos, marcas e indivíduos. O marco simbólico de 2019, quando o número de idosos no mundo superou o de crianças pequenas, já indicava essa transformação.
Mas o que muda de fato? Tudo: de hábitos alimentares a escolhas urbanas, de decisões de carreira a planos familiares. A onda de gravidezes tardias — como o caso amplamente comentado da atriz brasileira que anunciou uma gestação aos 55 anos — escancara como as fronteiras tradicionais da biologia e do tempo estão sendo reavaliadas. O que antes era visto como “impróprio” ou “arriscado” agora se torna símbolo de autonomia e longevidade ativa.
Na vida cotidiana, essa reconfiguração se traduz no crescimento de práticas ligadas ao bem-estar — especialmente entre públicos urbanos e conectados. Os grupos de corrida, por exemplo, viraram fenômeno cultural. Mais do que esporte, são comunidades que promovem disciplina, vitalidade e pertencimento. A corrida passou a ser um “clube de bem viver”, em que saúde, sociabilidade e estilo de vida se entrelaçam.
Nesse cenário, tecnologia e personalização são aliadas. Dispositivos como Oura Ring e Ultrahuman vão além dos wearables convencionais, oferecendo métricas como variabilidade cardíaca, ciclos de sono e monitoramento de estresse. Combinados à IA, esses dados abrem espaço para decisões mais inteligentes sobre a própria saúde. Marcas como a Nourished também apostam na hiperpersonalização: usando impressão 3D e biometria, criam suplementos sob medida que atendem a metas específicas de bem-estar — do foco mental à imunidade.
Esse novo entendimento de longevidade está diretamente ligado à ideia de que saúde é a nova riqueza. Em Singapura, por exemplo, políticas públicas incentivam filhos a morarem próximos dos pais, promovendo não apenas cuidado intergeracional, mas também uma velhice mais digna, amparada por redes reais de apoio. Isso porque, com a vida se estendendo, não basta envelhecer — é preciso sustentar bem-estar emocional, mobilidade, segurança e relações ao longo do tempo.
Diante disso, como as marcas podem se preparar?
- Atualize o que sua marca entende por “riqueza”. Se antes o status estava em bens, hoje migra para saúde, tempo e autonomia. Marcas de qualquer setor podem se posicionar nesse novo imaginário.
- Crie ofertas que evoluam com a jornada do consumidor. Como sua marca pode acompanhar um consumidor de 30 a 80 anos, adaptando linguagem, funcionalidades e benefícios sem cair em estereótipos?
- Use tecnologia para promover transformação, não vigilância. A IA e os dados personalizados devem ser ferramentas de autonomia, não de controle. Pense em como integrar essas soluções de maneira ética e eficaz.
- Reforce vínculos humanos e coletivos. A longevidade ativa não é um projeto solitário. Experiências que promovam conexão, pertencimento e suporte entre gerações serão cada vez mais valorizadas.
A pergunta que fica é: sua marca está preparada para um consumidor que planeja viver até os 100 — e quer fazer isso com saúde, propósito e alegria?
Esse artigo é o terceiro de uma série que se inspira em um dos nove insights presentes no nosso report Pulse 2025, disponível para download.