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Não se trata apenas de somar anos à vida — mas de somar vitalidade aos anos. A busca por longevidade saiu dos círculos da ciência para se tornar uma aspiração cultural mainstream, redefinindo o que significa envelhecer. Impulsionado por avanços em biotecnologia, IA e monitoramento de saúde em tempo real, esse movimento reflete um novo tipo de ambição: viver com autonomia, propósito e saúde plena até muito além dos 80.
Se antes o envelhecimento era visto com certo fatalismo, hoje é tratado com estratégia. A longevidade passou a ser encarada como um projeto pessoal — físico, emocional e financeiro — que começa cedo. De acordo com a OMS, a população com 60 anos ou mais deve praticamente dobrar até 2050, e esse dado tem implicações profundas para governos, marcas e indivíduos. O marco simbólico de 2019, quando o número de idosos no mundo superou o de crianças pequenas, já indicava essa transformação.
Mas o que muda de fato? Tudo: de hábitos alimentares a escolhas urbanas, de decisões de carreira a planos familiares. A onda de gravidezes tardias — como o caso amplamente comentado da atriz brasileira que anunciou uma gestação aos 55 anos — escancara como as fronteiras tradicionais da biologia e do tempo estão sendo reavaliadas. O que antes era visto como “impróprio” ou “arriscado” agora se torna símbolo de autonomia e longevidade ativa.
Na vida cotidiana, essa reconfiguração se traduz no crescimento de práticas ligadas ao bem-estar — especialmente entre públicos urbanos e conectados. Os grupos de corrida, por exemplo, viraram fenômeno cultural. Mais do que esporte, são comunidades que promovem disciplina, vitalidade e pertencimento. A corrida passou a ser um “clube de bem viver”, em que saúde, sociabilidade e estilo de vida se entrelaçam.
Nesse cenário, tecnologia e personalização são aliadas. Dispositivos como Oura Ring e Ultrahuman vão além dos wearables convencionais, oferecendo métricas como variabilidade cardíaca, ciclos de sono e monitoramento de estresse. Combinados à IA, esses dados abrem espaço para decisões mais inteligentes sobre a própria saúde. Marcas como a Nourished também apostam na hiperpersonalização: usando impressão 3D e biometria, criam suplementos sob medida que atendem a metas específicas de bem-estar — do foco mental à imunidade.
Esse novo entendimento de longevidade está diretamente ligado à ideia de que saúde é a nova riqueza. Em Singapura, por exemplo, políticas públicas incentivam filhos a morarem próximos dos pais, promovendo não apenas cuidado intergeracional, mas também uma velhice mais digna, amparada por redes reais de apoio. Isso porque, com a vida se estendendo, não basta envelhecer — é preciso sustentar bem-estar emocional, mobilidade, segurança e relações ao longo do tempo.
A pergunta que fica é: sua marca está preparada para um consumidor que planeja viver até os 100 — e quer fazer isso com saúde, propósito e alegria?
Esse artigo é o terceiro de uma série que se inspira em um dos nove insights presentes no nosso report Pulse 2025, disponível para download.
O mercado de medicamentos isentos de prescrição (OTC) no Brasil é um território competitivo, onde as marcas disputam não apenas espaço nas prateleiras, mas atenção e confiança.
Apesar da importância do investimento em embalagens atrativas, campanhas promocionais e presença digital, muitas marcas ainda deixam de construir uma base de marca sólida, consistente e relevante a longo prazo. A questão deixou de ser simplesmente como existir e passou a ser como realmente ressignificar a presença da marca na vida das pessoas. O verdadeiro valor de uma marca OTC vem de uma alquimia entre identidade clara e percepção autêntica por parte do consumidor.
Diversos fatores contribuem para a complexidade do mercado de OTC no Brasil: uma vasta oferta de produtos, a crescente presença das marcas próprias e genéricos, o avanço do e-commerce e um cenário regulatório rigoroso. Ainda assim, uma tendência clara se destaca: os consumidores estão assumindo um papel mais ativo na gestão de sua saúde e bem-estar.
De acordo com o portal Futuro da Saúde, o mercado de OTC no Brasil movimentou aproximadamente R$ 16,4 bilhões em 2023, com projeção de crescimento para R$ 35,5 bilhões até 2032.
Esse cenário se alinha a uma percepção mais ampla: uma pesquisa encomendada pela Bayer em 2024 revelou que 84% dos brasileiros buscam ter uma rotina de autocuidado, indicando um novo perfil de consumidor, mais informado e proativo em relação à sua saúde.
Além disso, há uma crescente demanda por marcas que demonstrem alinhamento com valores pessoais e causas relevantes. Um estudo da Accenture revelou que mais de 80% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas que defendem propósitos alinhados aos seus valores pessoais. Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com práticas éticas e responsáveis: a maioria dos brasileiros está disposta a pagar mais por produtos ecológicos e sustentáveis, como revelou estudo da EXAME (sobre gestão hídrica e responsabilidade ambiental).
Esses dados revelam uma lacuna – e também uma oportunidade: marcas que ainda não despertaram conexões emocionais profundas com seus públicos têm um espaço valioso para ocupar.
Para se destacar em um mercado tão competitivo, é necessário mais do que um bom produto. É preciso consistência em cada ponto de contato com o consumidor. Da promessa ao design, da presença digital ao serviço ao cliente, tudo deve reforçar a identidade da marca e criar experiências coerentes e significativas.
Packaging: A embalagem precisa seduzir, informar e transmitir confiança. Mais do que isso, deve refletir os valores da marca e se destacar no ponto de venda, onde as decisões são tomadas rapidamente.
Retail e ponto de venda: Ambientes acolhedores, materiais visuais claros e uma jornada de compra intuitiva ajudam a transformar a experiência física em um momento de conexão com a marca.
Ativação: Campanhas e ações criativas que despertam emoção e reforçam a identidade da marca são essenciais para gerar lembrança e engajamento contínuo.
Digital: Sites, redes sociais e canais de atendimento devem oferecer informação completa, acessível e interativa — além de um serviço rápido e empático.
Relacionamento contínuo: A marca deve manter um diálogo constante com os consumidores, aproveitando canais digitais para construir comunidades e fortalecer vínculos ao longo do tempo.
O verdadeiro valor de uma marca OTC nasce da soma entre sua identidade clara, a promessa que entrega e a experiência que oferece. Essa coerência é o que diferencia uma marca no longo prazo, criando vínculos que resistem à concorrência e às flutuações do mercado.
O case da marca Dormi, da Esteve Laboratories – desenvolvido pela CBA Paris – ilustra bem essa abordagem. Em um mercado saturado de produtos para o sono, a marca se destacou ao investir em uma comunicacao voltada ao conforto do usuário. A experiência digital também é personalizada: o site oferece dicas de bem-estar, com atendimento ao cliente atencioso e disponível.
Num cenário em que a abundância de produtos muitas vezes é acompanhada de mensagens vazias, comunicar com clareza o “porquê” da marca é um diferencial estratégico. O que ela defende? Por que existe? Que impacto deseja gerar no mundo? Marcas que sabem responder a essas perguntas com autenticidade criam laços mais profundos – e duradouros.
Em um mercado OTC cada vez mais complexo e concorrido, vencer a batalha da atenção exige mais do que visibilidade: exige ressonância. Marcas que investem em identidade, coerência e experiência conseguem mais do que vender – conseguem fazer parte da vida das pessoas. E esse é o verdadeiro diferencial no longo prazo.
Você se lembra da última vez que rolou o Instagram ou TikTok e viu uma colaboração de marcas tão inesperada que te fez rir alto? Um refrigerante sabor picles, Crocs de luxo cravejados com pedras? Em meio à profusão de informação e à economia da atenção, o inusitado virou estratégia — e a diversão, um diferencial competitivo. Mas seria isso apenas algo passageiro? Ou uma abordagem lúdica e descontraída responde a algo mais profundo?
Vivemos uma era marcada pelo excesso — de estímulos, de compartilhamento, de notificações e de decisões. A avalanche constante de novidades alimenta o que especialistas chamam de Cultura da Dopamina, um ciclo de recompensas rápidas e fugazes que gera ansiedade e cria uma busca incessante por estímulos que nos mantenham engajados. Em contrapartida, cresce a valorização de momentos de alívio, pausa e surpresa positiva.
Uma “explosão lúdica” se conecta diretamente a esse contexto: não se trata de satisfazer de forma instantânea, mas de surpreender com leveza. O conceito de delight — encantar de forma inesperada — emerge como resposta. E mesmo marcas que se posicionam com compromissos sérios como cuidar do planeta e ser inclusiva, por exemplo, agora são desafiadas a se comunicar de forma mais autêntica, acessível e bem-humorada.
Baixe o Pulse 2025, nosso report anual de insights de design para ajudar marcas e organizações a guiarem suas iniciativas.
Essa movimentação toda não está restrita ao design. Ela reflete uma mudança cultural mais ampla, moldada pelas dinâmicas do entretenimento digital e pela expectativa constante de novidade. A Geração Z, multicultural, fluida e curiosa, transita naturalmente entre estéticas, sabores e categorias. Aberta ao mundo, busca o novo com entusiasmo — mas já sem tanta paciência para mensagens sérias demais ou formatos previsíveis.
De acordo com pesquisa da Mondelēz, 80% dos jovens da Geração Z estão dispostos a experimentar combinações incomuns de sabores. Isso pode explicar a aposta de marcas como as redes de fast food McDonald’s e Taco Bell em bebidas ousadas com versões coloridas, frutadas ou com texturas inesperadas. O McDonald’s chegou a lançar o CosMc’s, loja dedicada exclusivamente a drinks inovadores e experiências sensoriais pouco convencionais.
Fora do setor de alimentos, o espírito lúdico também se manifesta. A portuguesa Renova transformou um item banal — o papel higiênico — em objeto de design, com versões coloridas, estampadas e até pretas. Já a americana Progresso lançou os Soup Drops, uma “sopa bala” de conceito tão inusitado que esgotou em pouco tempo no mercado. Ou ainda, a marca Barnana, que une propósito e diversão ao reaproveitar bananas imperfeitas em snacks com identidade visual vibrante e descontraída.
No Brasil, o projeto OMO Vibes — desenvolvido pela CBA B+G — mostra como até categorias funcionais podem se beneficiar da estética da surpresa e descontração. A marca apostou em embalagens coloridas e uma conexão direta com música e atividades do dia a dia, injetando leveza na rotina doméstica.
Uma abordagem lúdica deve ser feita de forma estratégica pelas marcas. Se bem aplicada, pode gerar encantamento e diferenciação — mas quando mal calibrada, corre o risco de parecer forçada ou desalinhada. Algumas perguntas ajudam a guiar essa decisão:
O desafio para as marcas é claro: como abraçar a diversão sem cair na armadilha da superficialidade? Como dialogar com diferentes facetas de uma mesma audiência — que, em um momento, busca propósito e profundidade, e em outro, leveza e escapismo?
A resposta pode estar em conseguir abandonar o binarismo e projetar portfólios e experiências que acompanhem essa alternância natural de estados de espírito. Entre o mindfulness e a rave, há um vasto território a ser explorado. E é nesse espaço, vibrante e imprevisível, que o lúdico se mostra mais necessário do que nunca.
Esse artigo é o primeiro de uma série que se inspira em um dos nove insights presentes no nosso report Pulse 2025, disponível para download.
O que o movimento “digital detox” e “sober curious” têm em comum? Tudo.
Muito se fala sobre o impacto nocivo das telas em nossas vidas. Nossa dependência digital – manifestada no uso excessivo de smartphones e redes sociais – tem consequências claras: fadiga mental, transtornos psicológicos e o distanciamento de conexões genuínas. Não à toa, “Brainrot” foi eleita a palavra do ano em 2024 pelo dicionário Oxford.
Nesse contexto, surge uma busca coletiva pelo “detox digital”. Embora existam aqueles que optam por uma vida completamente offline, geralmente em comunidades alternativas e afastadas dos centros urbanos, para a maioria, a solução não está no abandono total da tecnologia, mas na criação de rituais conscientes de desconexão.
Esse novo equilíbrio se manifesta em diferentes esferas: quando se trata de viagens, proliferam retiros que promovem o desligamento digital – seja em experiências de mindfulness sem aparelhos eletrônicos, seja na escolha consciente de documentar menos e viver mais. É interessante notar a coexistência harmoniosa do analógico com o digital: câmeras tradicionais e livros físicos dividem espaço com Kindles e iPhones.
O fenômeno dos “dumb phones” evidencia um desejo de limitar distrações digitais. Contudo, poucas pessoas estão dispostas a substituir seus smartphones permanentemente – a preferência é por momentos específicos de desconexão. Os festivais “sem telefone”, como o This Never Happened na Austrália e em outros países, ou clubes na Holanda oferecem justamente essas experiências estruturadas.
No cotidiano, testemunhamos o ressurgimento de práticas analógicas, embaladas por uma boa dose de nostalgia: a ressurgimento das revistas impressas, fanzines, scrapbooks e diários, que valorizam experiências táteis e manuais impossíveis de replicar nas telas. Exemplos não faltam, desde o retorno da revista Capricho impressa à revista de histórias de casais da Hinge (um app de relacionamento) até a campanha Summer Reads da Miu Miu. São complementos, não substitutos, da vida digital.
Curiosamente, a própria tecnologia tenta oferecer soluções para seu uso excessivo. Plataformas como Instagram incorporam recursos como o “Take a Break”, enquanto outros aplicativos se propõem a bloquear redes sociais por demanda. Porém, há um paradoxo evidente: recorrer à tecnologia para resolver problemas que ela própria criou não seria contraditório?
Na música, emergem os listening bars e o revival do vinil, espaços e formatos que privilegiam a escuta ativa e contemplativa – uma experiência distinta do consumo casual via Spotify ou YouTube, mas que coexiste harmoniosamente com estes.
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Paralelamente, cresce o movimento “sober curious”, especialmente entre a Geração Z. Essa tendência reflete uma busca por socialização mais consciente e questiona o estigma da sobriedade: por que a recusa ao álcool incomoda tanto? As novas gerações contestam a “obrigatoriedade” de beber para socializar e se divertir, reconhecendo os malefícios de uma droga legalizada e onipresente.
Dados recentes do mercado reforçam essa tendência: globalmente, as vendas de cervejas com baixo ou zero teor alcóolico ultrapassaram 6,5 bilhões de litros em 2022, segundo a Euromonitor Internacional. A busca pelo termo “cerveja sem álcool” aumentou 80% mundialmente e 60% no Brasil nos últimos 5 anos, evidenciando uma mudança significativa nos hábitos de consumo. Esta transformação é impulsionada especialmente pela Geração Z e pelo público fitness, que buscam experiências sofisticadas sem os efeitos negativos do álcool – uma tendência que se intensificou após a pandemia, quando a preocupação com saúde e bem-estar ganhou ainda mais relevância.
O fenômeno não representa necessariamente abstinência total. Muitas vezes, ele surge em períodos determinados de sobriedade – como o “Dry January” – ou na exploração de alternativas, desde bebidas não alcoólicas até substâncias psicodélicas, estas últimas buscadas tanto por seus benefícios terapêuticos quanto pelo uso recreativo. Marcas como Botivo Drinks e Kiro’s Switchel atendem à demanda por prazer sem álcool, enfatizando o artesanal e promovendo o consumo consciente.
A expressão “um pouco de droga, um pouco de salada”, popularizada em produtos de marcas urbanas, sintetiza essa dualidade característica da nova geração. É um reflexo de personas complexas que conjugam aparentes contradições: o mesmo indivíduo pode ser tanto ‘festivaleiro’ quanto maratonista.
Este cenário apresenta um desafio interessante para a criação de produtos, serviços e comunicação: como dialogar com diferentes facetas de uma mesma persona? Como criar mensagens que ressoem tanto com o momento de intensidade quanto com o de consciência?
É interessante pensar que dentro de um mesmo portfólio, uma marca de bebidas pode ter opções com e sem álcool, patrocinando eventos voltados para mindfulness e outros mais festivos. Ou promover a importância de momentos offline fazendo uso de eventos físicos e recursos analógicos, mantendo uma estratégia consistente de presença digital.
Entender essa mentalidade de alternância – que permite aos indivíduos transitarem entre períodos de “conectividade total” e momentos de foco ou desintoxicação – tornou-se essencial para as marcas contemporâneas.
Esse artigo é o primeiro de uma série que se inspira em um dos nove insights presentes no nosso report Pulse 2025, disponível para download.
Ao longo de 30 anos trabalhando com design, sempre fui movido pela capacidade humana de inovar e criar. Recentemente, como muitos de nós, me vi refletindo sobre como a inteligência artificial está remodelando nossas carreiras, especialmente no campo das atividades criativas. Então, me pergunto: o que será regido pelas redes neurais humanas ou pelos algoritmos da máquina?
Desde o início da minha carreira, a criatividade tem sido a força motriz que impulsiona meu trabalho e minha visão como empreendedor. A obsessão pela inovação e a busca muitas vezes sem limites por novas formas de pensar e criar, sempre me acompanhou. Há três décadas, adotei empiricamente um modelo que chamei de dual, para a execução de soluções de design em suas mais variadas vertentes (gráfico, produto, ambiental, serviço, business etc.), uma abordagem que integra pensamento analítico e criativo, concomitantemente. Demorei 15 anos para compreender plenamente a eficácia do resultado fundamental desse modelo, que chamei de Key idea, um nome comum em outras metodologias, mas que no meu caso estava associado a um processo muito particular. Por meio da metáfora da Lemniscata, criei simbolismo e ritual para um processo dinâmico e iterativo de alternância constante entre o pensamento analítico-crítico (baseado pela inteligência) e o intuitivo-criativo (baseado pela criatividade) – e estruturei o modelo para trabalhar na construção de conceitos e soluções de design potentes, as tais key ideas.
Em 2010, documentei minhas metodologias através de frameworks flexíveis e claros, com o objetivo de ajudar novos designers da então B+G (hoje, CBA B+G) a alcançar ideias poderosas mais rapidamente. Como o framework era muito flexível e amplo, adicionei também outros componentes práticos ao método, incluindo por exemplo a matriz de insights e os mapas mentais, ferramentas que estimulam a criação de ideias através da simulação criativa (não necessariamente a criatividade), ou seja – a geração de ideias a partir de processos formulados e muitas vezes lineares que substituem, em parte, o processo criativo espontâneo e intuitivo (este sim, a criatividade real).
Estes modelos, fórmulas quase mágicas usadas para se chegar a um resultado a partir de um processo inteligente e bastante racional, ajudavam meus profissionais de duas formas: os menos experientes conseguiam chegar em resultados satisfatórios e os mais experientes conseguiam acelerar enormemente o caminho até a criatividade real. E entendi, à época, que a simulação da criatividade através desses modelos estava na fronteira entre o pensamento analítico e a própria criatividade real, tornando muitas vezes difícil, para um crítico desavisado, discernir entre ideias verdadeiramente criativas e soluções baseadas em construções metodológicas as quais passei também a adotar como ‘esquenta’ ou acelerador da criatividade real.
Agora, com o advento da inteligência artificial generativa, é fascinante considerar como a tecnologia pode, mais uma vez, influenciar e potencializar a criatividade real. A facilidade dos modelos em LLM, associados à capacidade dos algoritmos de aprender e produzir novas instâncias com base em dados e modelos preexistentes complementa o pensamento divergente, intuitivo e espontâneo humano, oferecendo novas perspectivas e, por consequência, novas possibilidades para a criatividade, o que impacta muito particularmente, todos nós agentes da indústria criativa. Mal comparando, mas já comparando, do ponto de vista da criatividade real, os modelos generativos a partir da IA são como os métodos lineares de simulação da criatividade que adotei 15 anos atrás. Eles não substituem o que estou chamando aqui de criatividade real, mas são aceleradores incríveis.
Nossa inteligência não cria nada sozinha, ela sim nos municia com a capacidade analítica de concatenar as bases para a geração de uma ideia espontânea. Isto é, aquela proposta do modelo dual para se chegar ao novo (a Key idea), que de um lado trabalha com a inteligência (pensamento analítico-crítico) e do outro, com a criatividade (pensamento intuitivo-criativo) já oferecia, em princípio, um processo tanto para a simulação da criatividade quanto para a criatividade real, a depender da experiência do profissional (conhecimento cognitivo), tempo e profundidade dedicada ao projeto. Ou seja, excetuando-se o território da criatividade real, toda a capacidade de formular processos de maneira estruturada pode ser transmitida aos sistemas em IA. E isso sugere que quase todas as atividades previsíveis, testadas e formuladas que não requerem componentes éticos, morais e de contexto cultural, podem ser replicadas pelos algoritmos dessa tecnologia.
Contudo, a criatividade real, que envolve intuição, emoção e pensamento não linear, ainda é uma área distintivamente humana. Do lado da inteligência, moralidade, ética, consciência, resolução de conflitos emocionais e compreensão de contextos sociais são também ainda aspectos intrínsecos à humanidade. São campos que vão além da execução de tarefas ou reprodução de padrões supostamente criativos ou inteligentes.
O prompt, no contexto das plataformas generativas, é uma peça fundamental na conexão do humano e capacidade computacional. Ele serve muito bem como uma metáfora do ‘algorítmo humano’ na interação entre inteligências humana e artificial, entre a criatividade real humana e a simulação da criatividade da máquina, representando o elo perfeito entre estas duas capacidades cognitivas humanas e seus pares generativos a partir de dados análogos e fórmulas propostas pela ou para a máquina. O mesmo acontecerá com seu primo-irmão na próxima geração de interação humano-máquina a dominar a cena, o comando de voz.
Diante do desafio lançado ao pensamento analítico e refletindo sobre a inteligência artificial, que toma de assalto um bom espaço onde antes imaginávamos ser exclusivo da inteligência humana, aponto para a oportunidade indiscutível de se compreender e preservar a essência dos componentes da inteligência humana ainda insubstituíveis, como a ética, e a criatividade real. Penso que a interação entre essas inteligências revela dois grandes eixos fundamentais de evolução do design e fora dele: um primeiro, que avança através da conexão cada vez maior entre o humano e o sintético, e um segundo, que recoloca o humano em sua dimensão correta, retirando potencialmente de nossas mãos e mentes toda a ocupação automatizada, mecânica e de processos que temos criado para nós mesmos e supervalorizado ao longo de décadas de nossa história. Aproveitemos, então, este momento único de voltarmos a ser humanos, naquilo de melhor que isto significa.
Luís Bartolomei, CEO CBA B+G
Sabemos, a adaptação de tendências globais para mercados locais é crucial para o sucesso de qualquer marca que deseja se manter relevante e viva. A compreensão das particularidades culturais e sociais de cada região permite que empresas implementem inovações de maneira que ressoem verdadeiramente com o público local.
Em nosso mais recente webinar, em que abordamos a integração de novas tendências e inovações pelas empresas para projetar um futuro de impacto, nossa convidada Daniela Klaiman, CEO da FutureFuture, enfatizou a importância da adaptação, melhor dizendo – da ‘tradução’ de tendências de acordo com as necessidades de cada região. “Geralmente, os relatórios de tendências vêm do exterior, e não é possível apenas copiar e colar tendências estrangeiras aqui no Brasil, ou na América Latina.”
Este princípio é especialmente sensível quando observamos tendências emergentes e que levantam discussões em diversos âmbitos como, por exemplo, a neutralidade de gênero. O tratamento desta questão na realidade latino-americana vai além da adaptação de uma ideia global; é uma reinterpretação que considera os valores, as expectativas e as necessidades específicas dos consumidores locais.
No contexto da América Latina, onde cerca de 18% dos gen-Z se identificam como parte da comunidade LGBTQIA+, a adoção de uma abordagem não binária no design de produtos representa uma grande oportunidade para marcas adotarem uma perspectiva mais inclusiva, buscando conexão com o público que valoriza a diversidade e a expressão de identidades únicas.
As pessoas retornam com várias ideias do SXSW, por exemplo, mas é crucial entender o que faz sentido e o que não faz para cada mercado, e como adaptar as tendências à cultura local onde serão aplicadas. Qual é o momento certo e a maneira adequada de fazer isso? A tradução é fundamental, pois tendências que não refletem nossa realidade não serão pertinentes ao nosso público. O erro não está na tendência em si, mas no fato de ela não ser adaptada ou "tropicalizada", se preferir.
Daniela Klaiman, CEO da FutureFuture
Em nosso reporte Useful Design Trends 2024 abordamos a “morte do gênero”, apontando exemplos de marcas e negócios que promovem uma abordagem de design e marketing que se afasta das normas binárias de gênero, acolhendo a diversidade. Para observar como essa tendência está se desenrolando na América Latina, buscamos alguns outros exemplos de nossa região:
Another Place (Brasil): “Gender-free, no labels, to wear however you want” é a convocação da marca de roupas Another Place.
Papel de Punto (Colômbia): roupas unissex confeccionadas com tecidos parcialmente reciclados, ressaltando seu perfil “limpo e divertido”.
Simple Organic (Brasil): representante brasileira da beleza livre, a marca se define como democrática, disruptiva, sem gênero e preocupada com a saúde das pessoas e do planeta.
O Boticário (Brasil): diversos produtos com fragrâncias de gênero neutro para que qualquer pessoa use.
Anacê (Brasil): marca que propõe um olhar renovado para a alfaiataria tradicional, com peças fluidas e sem distinção de gênero.
Carla Fernández (México): designer mexicana conhecida por transformar técnicas têxteis indígenas em roupas contemporâneas que respeitam e celebram a cultura e a identidade de gênero fluida.
Isaac Silva (Brasil): loja democrática de roupas sem gênero que vestem todos os tipos de corpos.
As marcas que abraçam essa abordagem não só promovem a inclusão, mas também se estabelecem como referências em um mercado cada vez mais consciente e exigente.
O design é um trabalho de facilitação; somos facilitadores em se tratando de tendências. Nosso principal papel é traduzi-las e apresentá-las para os clientes de forma que possam compreender e aplicar adequadamente cada uma.
Luís Bartolomei, CEO da CBA B+G
Ainda que a tendência da neutralidade de gênero esteja emergindo como um ponto de reflexão e ação para muitas marcas globalmente, na América Latina, percebe-se uma certa reticência em sua adoção plena. Apesar dos exemplos de iniciativas inovadoras, a escassez de casos amplamente conhecidos revela que, muitas vezes, essa tendência ainda é vista como um nicho.
Isso se reflete não apenas na oferta limitada de produtos que desafiam as normas de gênero, mas também na hesitação dos clientes em reconhecer e abraçar essa mudança cultural em suas práticas de consumo diárias.
Este cenário sugere uma oportunidade e um desafio: enquanto há um campo fértil para a inovação e a diferenciação no mercado, também existe a necessidade de cultivar uma compreensão mais profunda sobre os benefícios e o valor da inclusão de gênero no design de produtos e serviços. Afinal, a verdadeira adoção de tendências globais em contextos locais demanda mais do que apenas introduzir novos produtos – requer a transformação de percepções e atitudes.
Cabe, então, perguntar: estamos prontos para liderar essa mudança ou nos contentaremos em seguir o ritmo da transformação social e cultural em nossa região? A resposta a essa questão definirá o futuro do design inclusivo na América Latina e o papel que desempenharemos no palco global das inovações sociais.
Bem-vindo à terceira edição do Useful Design Trends, nossa exploração anual dos movimentos que moldam o futuro do design em vários setores e mercados globais.
As tendências oferecem um ponto de vista único a partir do qual é possível visualizar o futuro, não como um horizonte distante, mas como uma série de oportunidades acionáveis. Essa abordagem está enraizada em nossa crença de que o design é uma ferramenta para a solução de problemas, um meio de enfrentar os desafios de nosso tempo com criatividade e propósito.
Abrangendo mais de 40 setores e 90 estudos de caso, a perspectiva global e de várias categorias garante uma visão abrangente e diversificada do cenário do design. No Useful Design Trends 2024, cada tendência do que exploramos é uma janela para a forma como o design pode inspirar utilidade, seja na maneira como interagimos com nosso ambiente, capacitamos indivíduos, melhoramos o bem-estar, promovemos o crescimento social ou democratizamos o acesso.
*Ao preencher os dados você aceita receber o Blimp, nossa newsletter quinzenal.
São 15 tendências que prometem longevidade e sustentabilidade, transcendendo a efemeridade que geralmente caracteriza o mundo das marcas. Nosso foco está nas tendências que perduram, que evoluem e que continuam a repercutir ano após ano. Coletamos e selecionamos movimentos que não apenas sinalizam a mudança, mas a impulsionam.
Para nós, o design vai além do apelo estético, atuando como um acelerador de mudanças significativas. Essa crença está resumida em nosso Useful Design Model, que está ancorado em três níveis de impacto: individual, coletivo e global. Esses níveis formam a base de nossa abordagem e são parte integrante da estrutura do reporte.
Ele está estruturado em cinco pilares essenciais: Meio Ambiente, Empoderamento, Bem-Estar, Sociedade e Acesso. Cada pilar representa um aspecto fundamental do nosso mundo, ressaltando o papel significativo do design na criação de um futuro melhor. Por meio desses pilares, pretendemos mostrar como o design transcende os limites tradicionais, atuando como um poderoso agente de transformação e progresso.
Aqui um resumo dos pilares e tendências do Useful Design Trends 2024:
À medida que enfrentamos os desafios crescentes da mudança climática, evidenciados pelos desastres climáticos recordes em 2023, a urgência de iniciativas sustentáveis nunca foi tão clara. Esse pilar explora como o design pode revolucionar nossos processos de produção e consumo, defendendo uma mudança em direção à sustentabilidade que repercuta em nível industrial.
1. O Básico Reimaginado
Reinventar matérias-primas e itens essenciais do cotidiano é obrigatório.
Oportunidade: Atenção aos sentidos
Considerar o impacto sensorial ao selecionar novos materiais para os produtos. As qualidades táteis, visuais e até auditivas dos materiais podem influenciar significativamente a experiência do consumidor. Trata-se de criar uma conexão mais profunda e memorável com seu público.
2. Vida Útil Estendida
Reaproveitar os ciclos de vida dos produtos, reduzir o desperdício e alinhar-se às demandas sustentáveis dos consumidores.
Oportunidade: Sustentabilidade como serviço
Oferecer modelos baseados em assinaturas em que a manutenção, as atualizações e o gerenciamento de produtos no fim de sua vida útil estejam incluídos pode ser um divisor de águas. Ese tipo de modelo garante que os produtos sejam mantidos em condições ideais por mais tempo e que, quando chegarem ao fim de sua vida útil, sejam descartados de forma responsável.
3. Futuro Ancestral
Unir a sabedoria antiga com soluções ambientais modernas pode trazer avanços e resultados positivos para todos.
Oportunidade: Cadeias de suprimentos sustentáveis com uma história
Investir em cadeias de suprimentos que não apenas priorizem a sustentabilidade, mas que também tenham uma narrativa. Obtenha materiais e ingredientes de comunidades indígenas de forma a apoiar as economias e os ecossistemas locais. Essa abordagem garante uma cadeia de suprimentos sustentável e ética e também fornece aos produtos uma história convincente que repercute entre os consumidores conscientes.
Centrado em Identidade e Inclusão, esse pilar aborda a necessidade do design capacitar as pessoas, especialmente a Geração Z, a expressar suas identidades exclusivas. Ressalta a importância das soluções de design universal que abraçam a diversidade e promovem a autoconfiança e a autoexpressão.
4. Padrão Universal
Abordar soluções por meio do design inclusivo, mudando de adaptações de nicho para acessibilidade universal em produtos e serviços convencionais.
Oportunidade: Assistência empática de IA
Aproveitar a IA para desenvolver assistentes virtuais que se adaptam intuitivamente às diversas necessidades dos usuários, oferecendo suporte personalizado e inclusivo para interação com a marca e jornadas de compra.
5. Fora da Caixa
Ao rejeitar as normas e a estética tradicionais, a Geração Z abraça o caos, a imperfeição e a originalidade.
Oportunidade: Incentivo à criatividade
Ao navegar por esses tempos de transformação, as marcas e os indivíduos não devem fugir do estranho, mas sim brincar e experimentar, permitindo que seu público saia da zona de conforto que o levará a lugares inesperados. Ao fazer isso, pode-se reimaginar o que é a norma.
6. Morte do Gênero
Afastando-se das normas binárias de gênero, as marcas estão adotando abordagens diversas e não binárias no design e no marketing de produtos.
Oportunidade: Expansão de produtos unissex
Promover a inclusão ampliando as linhas de produtos unissex, garantindo que as abordagens de marketing e design estejam ativamente quebrando as normas de gênero e adotando princípios de design universalmente atraentes.
Esse pilar adota uma abordagem ampla para a melhoria da qualidade de vida, enfatizando a saúde física, mental e emocional. Ele explora como o design pode quebrar tabus e criar ambientes onde os indivíduos prosperam, e não apenas sobrevivem.
7. Menopower
Interromper o ciclo de silêncio em torno da menopausa é uma transformação significativa no mercado, refletindo a mudança de atitudes em relação ao envelhecimento e ao empoderamento feminino em uma crescente Economia Prateada.
Oportunidade: Atenção à linguagem
Marcas podem ir além de termos como “antienvelhecimento”, utilizando uma linguagem positiva e fortalecedora para produtos e campanhas sobre a menopausa e a beleza de envelhecer com elegância.
8. Sex Education
Adotar a positividade sexual como um pilar central do bem-estar holístico, especialmente entre as gerações mais jovens.
Oportunidade: Experiências pop-up de bem-estar
Estabelecer espaços com foco no bem-estar sexual que ofereçam treinamentos, workshops e um portfólio de marcas que garantam uma atmosfera acolhedora e livre de estigma.
9. As Drogas Boas
A narrativa em torno das substâncias psicotrópicas, do desprezo ao apreço, está evoluindo, refletindo uma mudança na percepção da sociedade, alinhada com as tendências do bem-estar holístico.
Oportunidade: Portfólio de impacto positivo
Por meio do design estratégico do portfólio, as marcas podem desenvolver uma gama de produtos que atendam às diferentes necessidades e preferências dos consumidores, desde o bem-estar cotidiano até soluções terapêuticas mais específicas, maximizando o impacto positivo.
Tem como foco o crescimento coletivo e compartilhado, enfatizando a responsabilidade das organizações em contribuir positivamente para suas comunidades. Na esteira da pandemia e das mudanças culturais em curso, esta seção examina como o design pode facilitar o crescimento da comunidade e o valor compartilhado.
10. IA: Criatividade Turbinada
Novas possibilidades e desafios éticos surgem à medida que a IA remodela a criatividade.
Oportunidade: IA para o bem social
Aproveitar a IA para enfrentar os desafios globais e promover o desenvolvimento sustentável oferece um imenso potencial. Seja no monitoramento de questões ambientais, na promoção da justiça nos empréstimos ou no avanço dos ODS da ONU, há uma oportunidade para as organizações usarem a IA como uma ferramenta para mudanças positivas.
11. Escolhas Inteligentes
Influenciar o comportamento por meio do design, enfatizando a autenticidade e liderando pelo exemplo.
Oportunidade: Conselhos sobre consumo moderado
As marcas devem reconhecer sua influência nos hábitos dos consumidores e se comprometer a promover a moderação. Isso demonstra responsabilidade corporativa e é uma estratégia fundamental para criar confiança e demonstrar um cuidado genuíno com o bem-estar do consumidor e o impacto ambiental.
12. Juntos é Melhor
As comunidades em ascensão oferecem conexão e apoio contra o isolamento digital, com as marcas promovendo espaços para conexão e experiências compartilhadas
Oportunidade: Capacitação de comunidades marginalizadas
Aborde as disparidades econômicas e promova a inclusão cultural fornecendo ferramentas e recursos para a capacitação econômica de comunidades sub-representadas. Isso não apenas equipa comunidades específicas com os meios para aumentar sua riqueza, mas também garante que suas histórias e perspectivas sejam ouvidas e valorizadas na mídia convencional.
O último pilar, Acesso, prevê um futuro em que os recursos sejam universalmente acessíveis, defendendo a democratização dos recursos. Ele destaca o papel do design para garantir que o progresso e os benefícios sejam compartilhados de forma inclusiva, contribuindo para o bem coletivo.
13. Use com Sabedoria
Os consumidores e as marcas estão se adaptando ao aumento do custo de vida, com foco em gastos inteligentes e soluções econômicas e ambientalmente conscientes.
Oportunidade: Preços transparentes
Capacitar os consumidores desenvolvendo uma plataforma interativa que decomponha visualmente os custos dos produtos. Essa plataforma poderia representar graficamente quanto é gasto em matérias-primas, fabricação, marketing e distribuição, empregando infográficos e UI/UX intuitiva.
14. Guerra da Micromobilidade
Cidades do mundo estão se voltando à micromobilidade ecológica, com métodos alternativos de deslocamento, mudando o cenário urbano.
Oportunidade: Parcerias de mobilidade
Marcas de diversos setores, da tecnologia à moda, podem formar parcerias com soluções de micromobilidade. Por exemplo, uma marca de tecnologia poderia colaborar com programas de bicicletas da cidade para criar capacetes inteligentes equipados com GPS e recursos de segurança. Ou uma marca de roupas poderia criar trajes específicos para usuários de scooters, com elementos de segurança, conforto e estilo.
15. Web3 para Todos
A Web3 está reformulando o envolvimento da marca com transparência, ética e controle descentralizado.
Oportunidade: Soluções transparentes para a cadeia de suprimentos
Utilizar blockchain para tornar as cadeias de suprimentos mais transparentes e éticas. Isso pode ser um argumento de venda importante para consumidores ecologicamente conscientes que valorizam a sustentabilidade e as práticas éticas. As marcas podem demonstrar seu compromisso com esses valores fornecendo aos clientes uma visão transparente da jornada do produto, desde a produção até a entrega.
Se o reporte te inspirou com ideias, entre em contato para pensarmos juntos em como fazê-las acontecer!
Há dois anos, a CBA B+G embarcou em uma jornada transformadora ao adotar um modelo de trabalho remoto. Esta mudança não foi apenas uma resposta às circunstâncias globais, mas também um passo em direção à inovação e adaptação aos novos paradigmas do mundo corporativo. A transição para o trabalho remoto trouxe consigo a necessidade de se adaptar a processos digitais, abraçando o conceito de trabalho flexível. Hoje, revisitamos a experiencia a fim de entender como temos navegado por essas águas digitais e quais lições foram aprendidas ao longo do caminho.
Nossa reflexão é inspirada na conversa que tivemos com Fernanda Mourão, Arquiteta do Futuro do trabalho, nossa convidada no Café+ de novembro de 2023 para falar sobre o tema. Fernanda é especialista no assunto e provocou insights e boas observações sobre os modelos remoto, híbrido e presencial, na busca por maior produtividade e qualidade de vida.
1. O espaço se tornou uma ferramenta de trabalho: O trabalho deixou de ser um local para se tornar uma atividade. Os espaços agora são cenários de encontros e a cultura da empresa se materializa nesses ambientes.
2. O onboarding exige muita atenção: Por ser relativamente novo, o modelo de trabalho flexível ou híbrido exige um processo de integração e onboarding mais cuidadoso, especialmente para os novos colaboradores e os mais juniores.
3. Adaptação e ajuste de perspectiva: Os mecanismos de gestão do trabalho remoto evoluíram rapidamente, assim como nossa adaptação a eles. Natalia Azevedo, Senior Designer na CBA B+G, faz uma colocação: “Uma coisa que escutamos muito é ‘no presencial a gente podia levantar e ir à mesa da/do colega para conversar’, como algo que faz muita falta pra algumas pessoas. Porém, lendo sobre o assunto, há o contraponto de pessoas que, quando presencialmente nos escritórios, achavam isso terrível… Acho muito interessante essa mudança de perspectiva, isso mostra o quanto estamos enviesados pelo ‘ideal da extroversão’ e nem percebemos.”
4. Autogestão é fundamental: O trabalho flexível exige um planejamento mais robusto e habilidades de autogestão, sem desresponsabilizar a empresa. Isso pode ser um desafio para alguns gestores. Um bom exemplo é o Spotify, que oferece estratégias e opções de trabalho remoto, dando ênfase ao employer branding.
5. Romantização x Realidade: Reconhecer que nem todos estão aptos a serem “nômades digitais” e que o trabalho remoto não é um mundo perfeito, unânime e pronto para ser habitado. É preciso construí-lo – e de maneira colaborativa.
“Uma coisa que escutamos muito é ‘no presencial a gente podia levantar e ir à mesa da/do colega para conversar’, como algo que faz muita falta pra algumas pessoas. Porém, lendo sobre o assunto, há o contraponto de pessoas que, quando presencialmente nos escritórios, achavam isso terrível... Acho muito interessante essa mudança de perspectiva, isso mostra o quanto estamos enviesados pelo ‘ideal da extroversão’ e nem percebemos.”
Natalia Azevedo, Senior Designer na CBA B+G
6. Jogar conversa fora tem seu valor: É muito importante criar rituais que promovam interações não relacionadas estritamente ao trabalho, adaptando a dinâmica do “small talk” ao ambiente online. Sabemos que não é possível reproduzir a experiencia presencial no digital, mas há mecanismos para fugir da distância e impessoalidade impostas pela ausência física.
7. Qualidade de vida e sustentabilidade: O modelo remoto oferece uma melhor qualidade de vida individual e permite a inclusão de colaboradores de diferentes partes do mundo. Para Mateus Potumati, Verbal Designer na CBA B+G, “o modelo exclusivamente remoto, além de evitar perdas de tempo e aumento de estresse, é muito mais sustentável. Uma empresa que pode adotá-lo está dando uma contribuição enorme para redução de pegada de carbono. Isso, a meu ver, deveria até ser incentivado pelos governos.”
8. O fim das fronteiras físicas: Um benefício inegável do modelo remoto é a possibilidade de trabalhar com pessoas de diferentes cantos do Brasil – e do mundo. Isso não apenas é benéfico para o trabalho em si: significa um ganho enorme em diversidade, inclusão e amplitude cultural.
9. Mobilidade e novas dinâmicas na cidade: Apoiada pela tecnologia, a dinâmica do dia a dia ganhou novos aspectos, gerando impacto no meio-ambiente – transporte, demografia e sustentabilidade estão sendo repensados.
10. Novas responsabilidades para líderes e liderados: A relação com o trabalho passou a ter novos contornos no que tange a bem-estar, saúde mental e liberdade geográfica, além de exigir maior autoconhecimento de quem lidera e é liderado. Todos saem ganhando.
Enquanto a CBA B+G se posiciona como um “laboratório” de empresa com modelo de trabalho 100% remoto, reconhecemos as vantagens e desvantagens e estamos em constante aprendizado. “Adotar o modelo de trabalho remoto nos impôs novos desafios, como a revisão de resultados, métricas e comportamentos. Mas tenho certeza de que esta mudança contribui e contribuirá no sucesso de nossa organização no longo-prazo”, comenta Luís Bartolomei, CEO da CBA B+G.
A experiência até agora sugere que, apesar da nostalgia do escritório e dos desafios únicos do modelo remoto, há mais a ganhar em aprofundar e aprimorar este formato flexível, principalmente no contexto das grandes cidades o, com suas dificuldades de locomoção. Continuaremos a explorar e discutir este tema, sempre abertos a aprender e adaptar-nos para melhor atender às necessidades de nossa equipe e clientes.
O design é uma linguagem universal que conecta pessoas com interesses semelhantes, e seu papel é estabelecer um diálogo significativo entre marcas, culturas, produtos e serviços. A experiência da marca é a impressão duradoura que os clientes têm da sua marca, é quando as marcas ganham vida. Essa experiência inclui pensamentos, sentimentos e reações que vão além da compra do produto e apresentam a marca de uma forma diferente.
Então colocamos a seguinte pergunta: como o design pode ajudar a construir uma experiência de marca mais forte e consistente? Para ampliar a experiência que uma marca pode oferecer e inspirar soluções de design para bens de consumo, analisamos algumas referências e trouxemos alguns insights e exemplos:
O design não se trata apenas de elementos visuais, mas também de criar uma experiência multissensorial para os clientes. Isso pode incluir o uso de som, toque e até mesmo cheiro para criar uma experiência de marca mais envolvente.
Convide o público a ver o mundo pela perspectiva única da sua marca. Pense no formato do seu produto como um portal para um universo único… Pergunte-se: ‘Há alguma característica singular da minha marca que devo explorar?’ ou ‘Se minha marca deixasse de usar o logo, as pessoas ainda a reconheceriam?’
Os 5 sentidos abrem um portal de experiência multissensorial que cria um vínculo emocional poderoso que as pessoas nunca esquecerão – e nunca mais verão sua marca da mesma forma.
Guia culinário sensorial Maggi para deficientes visuais
Cozinhando às Cegas é um guia sensorial de 130 páginas que visa estimular os cinco sentidos, projetado para pessoas com diferentes níveis de deficiência visual.
Embalagem não é apenas um elemento funcional, mas também uma tela para contar histórias e expressar a marca. As embalagens podem ser usadas para transmitir a história, valores e personalidade da marca, criando uma conexão mais profunda com seus usuários. Nunca subestime o potencial da sua embalagem para comunicar singularidade e, finalmente, envolver seu público.
Coloque narrativas na embalagem. Ouse usar a embalagem para contar às pessoas a campanha ou história da marca. E nunca subestime o painel traseiro ou o invólucro interno para expressar o ponto de vista da marca.
A embalagem pode ser o ponto de partida para iniciar conversas e estimular todos a expressar positividade, criando conteúdo e campanhas sociais poderosas.
Alfabeto Coca-Cola
A marca colocou letras do alfabeto nas latas e garrafas PET para os consumidores escreverem mensagens para compartilhar com o mundo.
Marcas podem usar materiais sustentáveis, pensar o design voltado para a reciclagem ou reuso e comunicar suas iniciativas de sustentabilidade. Soluções de design inovadoras, mas simples, podem revolucionar a indústria.
Marcas globais estão abraçando compromissos fortes com a sustentabilidade e mostrando-os ao mundo em experiências de varejo esteticamente poderosas de ambientação de marca, usando design inovador e narrativas impactantes.
powerful aesthetic retail experiences
Engaje consumidores em programas de reciclagem e sustentabilidade através de programas de recompensa e experiências descomplicadas que facilitem a participação deles.
Colgate Natural Extracts
Primeiro na América Latina com uma embalagem reciclável
O mundo digital oferece infinitas possibilidades, como a criação de colecionáveis digitais únicos e experiências híbridas que adicionam uma camada interativa ao formato tradicional de loja. Ao trazer o digital para o físico, podemos criar experiências diferentes e memoráveis.
Você pode criar coleções digitais únicas de seus produtos, ajudando a aumentar o valor da sua marca, tornando-a mais icônica e desejável. digital collections
Varejistas estão trazendo o metaverso para o mundo físico. Outros estão usando o metaverso para reforçar o valor inigualável das experiências IRL (na vida real).
Nescafé Caneca Vermelha
Colocamos um sorriso no rosto dos amantes do café em uma ativação do físico para o digital.
Mídias sociais são uma ferramenta poderosa para amplificar a experiência da marca, permitindo que se conectem com os consumidores em tempo real e criem um senso de comunidade. As marcas podem usar as mídias sociais para compartilhar conteúdo gerado pelo usuário, responder ao feedback do consumidor e criar campanhas envolventes que os incentivem a compartilhar suas experiências.
Netflix nas redes sociais
Uma linguagem próxima dos usuários, conquistando o coração das pessoas.
Cada aspecto de uma marca – verbal ou visual – deve trabalhar em conjunto para criar uma experiência coesa e memorável. Do design gráfico ao design de negócios, acreditamos que o design é, acima de tudo, uma forma de pensar que utiliza metodologias específicas para resolver problemas com base na experiência do consumidor. Trabalhamos além da superfície dos negócios de nossos clientes, atendendo plenamente às suas necessidades por meio de projetos que incluem consultoria de marca para FMCG, design de serviços, marketing e modelagem de negócios.
Se você se interessa em explorar o potencial de experiência da sua marca, não hesite em nos contatar.
“Atender às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades.” ONU, sobre sustentabilidade alimentar.
Com a sustentabilidade se tornando cada vez mais urgente nas esferas produtivas, o setor agroalimentar precisa estar à frente como um dos setores mais preocupados com esse conceito. Entre lutar contra o desperdício e defender o consumo com baixa pegada ecológica, os alimentos sustentáveis estão no centro dos desafios do futuro.
E qual é o papel do design nesta realidade? Ao combinar criatividade, funcionalidade e sustentabilidade, o design oferece novas perspectivas para repensar a maneira de produzir, distribuir e consumir alimentos. Ele desempenha um papel essencial na criação de soluções inovadoras, que promovem alimentos ecologicamente corretos e socialmente responsáveis.
Seja em produtos, embalagens ou sistemas alimentares, destacamos pilares do design que defendem a sustentabilidade dos alimentos.
Metodologia focada nas pessoas, o Design Comportamental (Design for Behavior Change) tem como objetivo encorajar a mudança e desenvolver soluções que ajudem os indivíduos a adotarem novos comportamentos que beneficiem a si mesmos e o planeta.
Para aprofundar o conceito, Lígia Dembinski, Design Manager & ESG Leader da CBA B+G, escreveu um artigo que traz exemplos concretos de negócios que ambicionam desenvolver relacionamentos marca/usuário, olhando para o design como um amplificador de consciência ambiental. Vale a leitura.
Diante do crescente impacto ambiental, o design ecológico desempenha um papel fundamental na redução do desperdício de alimentos. O uso de materiais recicláveis permite que as embalagens com design ecológico reduzam drasticamente a quantidade de plástico utilizada. Isso abre caminho para as embalagens biodegradáveis, compostáveis e recicláveis, que oferecem alternativas eco-responsáveis aos itens de uso único.
Por quase 15 anos, DADDY, marca francesa líder em sua categoria, vem colaborando com a CBA Design para trazer de volta o significado do uso do açúcar, reinventando-o na vida cotidiana. A agência escolheu uma inovação radical de produto, o papel kraft; uma embalagem 100% reciclável que reduz significativamente o impacto ambiental do usuário e, ao mesmo tempo, permanece resistente às condições mais extremas da confeitaria. Em termos concretos, esse projeto concilia significado e utilidade para essa marca histórica.
Muitos designers estão agora reimaginando a forma como os produtos alimentícios são feitos. Desde a criação de substitutos de carne à base de plantas até ao desenvolvimento de cadeias produtivas mais justas, o design de alimentos enfatiza os ingredientes sustentáveis para atender às necessidades do planeta e dos consumidores preocupados com a saúde.
Um negócio com proposta arrojada: oferecer alimentos saudáveis fazendo a ponte entre quem produz e quem consome, com intuito de ser agente de valor para uma cadeia produtiva mais sustentável e saudável, baseada em processos que geram valor para as famílias agricultoras, levando em conta princípios ecológicos, culturais e econômicos.
O design vai além dos produtos individuais e também se aplica à escala dos sistemas alimentares. Criar cadeias de suprimento mais curtas, otimizar a logística, reduzir o desperdício de alimentos… As estratégias de Design Thinking atendem a inúmeras necessidades e prometem um futuro melhor. Em um mundo onde 2,5 bilhões de refeições são desperdiçadas todos os anos, surge um número cada vez maior de iniciativas inovadoras.
No Brasil, 15 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas por ano. O aplicativo FOOD TO SAVE luta contra o desperdício de alimentos, resgatando itens não vendidos e transformando-os em cestas a preços vantajosos. A solução já conta com mais de dois mil estabelecimentos no país, que estão juntos nesta causa.
A alimentação sustentável é um desafio complexo, mas o design oferece oportunidades extraordinárias para encontrar soluções inovadoras e criativas. Ao incentivar a colaboração entre designers, marcas e consumidores, vamos criar um futuro em que o design e os alimentos sustentáveis andem de mãos dadas para construir um mundo melhor.
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